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sábado, 1 de setembro de 2007

Literatura na escola

A literatura é fundamental na formação crítica e cultural do ser humano. A maioria dos alunos só vem a conhecer a ?arte da palavra? através da escola. A falta de incentivo familiar e os poucos recursos barram os jovens leitores a perpetuarem o gosto pelos livros e a escola por sua vez, apresenta muito pouco tempo e interesse para o ensino de literatura, privando os alunos de conhecê-la e apreciá-la.
Os objetivos traçados pela escola para o ensino de literatura, também atrapalham e muito, o prazer e a apreciação estética dos alunos. A literatura como disciplina curricular é trabalhada de modo a ?sobrecarregar? o aluno de teorias, datas, fatos históricos etc., para que no final do estudo isso seja cobrado em uma prova. Ou mesmo a leitura de um livro que deveria ser realizada apenas com a intenção de deleite, torna-se mais dolorosa ainda, pois os alunos, ao término da leitura, sentem-se "sufocados" a responderem as imensas fichas de leitura.
"Não são apenas as provas, as fichas de leitura ou os questionários objetivos que desencorajam o leitor; a relação do adulto (o professor ou o sistema educacional) com a leitura é o maior exemplo e estímulo, quando se gosta e se acredita que ler é importante." (YUNES, PONDÉ, 1988).
A escolarização da literatura deve ser feita cautelosamente, para que o aluno possa construir a sua identidade através do gosto pelos diferentes textos e gêneros. Essa escolarização não pode servir apenas para que o aluno conheça um fragmento do texto literário, como aparece nos livros didáticos. O aluno deve conhecer o texto na sua íntegra ou através de adaptações literárias, para que o universo crítico seja aflorado e para que o entendimento seja claro, objetivo e significativo. Outro fator agravante é fazer da literatura um instrumento avaliativo. Será que necessitamos constantemente de avaliar a literatura? Como os professores irão avaliá-la fora dos muros da escola? São questões como essas que fazem os profissionais da área repensarem sobre a sua prática e a buscarem alternativas para que esse quadro seja revertido.
A literatura deve ser trabalhada de modo que os alunos adquiram informações e troquem essas informações entre si, construindo assim um conhecimento coletivo, pois cada pessoa enxerga o texto literário de acordo com as suas vivências e o seu conhecimento de mundo. É na literatura que o sujeito tem a oportunidade de transgredir, de imaginar mundos e situações que não possuem lógica, de interpretar o contexto, comparando-o ou distanciando-o da realidade de hoje, de dialogar com o texto, de desvendar simbologias, de refletir, dentre outros.
"Antes de citar regras e ditar respostas prontas, o professor transforma-se naquele que viabiliza a explicitação do percurso dos diversos sentidos levantados pelos alunos procurando sua coerência." (YUNES, PONDÉ, 1988).
O professor tem o papel de aguçar o gosto e o incentivo pela leitura, pois se ele é um leitor que possui uma mente voltada aos interresses e à realidade do aluno, saberá como atingir o gosto pela leitura através das necessidades dele, buscando textos de diversos autores, não só os consagrados; começando o estudo da literatura por textos que os alunos gostem e pelas quais têm interesse, transformando o aluno em um leitor proficiente, que busque informações nos livros e não apenas nas mídias eletrônicas. Além de leitor crítico, o aluno desenvolverá a habilidade de escrita, a capacidade criadora, a cultura e expressividade, e a compreensão do mundo em que está inserido.
"Se a escola básica utilizasse regularmente livros de literatura para o ensino da língua e de nossa realidade, certamente ofereceria uma educação mais comprometida com a emancipação do indivíduo e menos vendida aos interesses da dominação cultural." (YUNES, PONDÉ, 1988).

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